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quarta-feira, 22 de junho de 2011

A FILA

O futuro de qualquer doente é proporcional ao tamanho da fila. Quando maior a fila, menor as chances de resolver algum problema. Por quê? Porque doente é doente e a fila é cruel.

No ambulatório do SUS, a primeira fila. Depois de enfrentar mil e uma provações para conseguir uma ficha de atendimento médico, depois de ter que esperar pelo médico (que chegou 30 minutos atrasado), depois do evidente esforço (dois minutos) do gabaritado profissional da área da saúde para entender o problema clinico, o doente saiu do consultório com uma requisição na mão. Exame radiológico, a popular "chapa", que deveria ser realizado no hospital.

Nova fila. O doente esperou dez minutos no balcão até ser atendido. O funcionário olhou para ele com visível desdém e perguntou:

− Retirou a senha?

Ele não tinha retirado a senha. O balcão estava vazio, imaginou que não precisava. Foi nesse momento que percebeu a extensão do erro. Atrás dele, como se tivessem surgido do nada, estavam umas quinze pessoas. E todas com a senha na mão. Foi para o fim da fila, retirou a senha e esperou. Esperou ser atendido, esperou que os funcionários terminassem a importante conversa que os impedia de atender aqueles que estavam no balcão. Demorou uma eternidade.

Quando foi atendido, a primeira pergunta não foi agradável:

− O senhor tem o cartão SUS?

Ele não tinha o cartão SUS.

E o problema é que o problema não era fácil de ser resolvido. Não naquele dia.

No dia seguinte, na Secretaria de Saúde, depois de retirar a senha, aguardou na fila até ser atendido. Explicou o problema e preencheu vários formulários. Tudo deveria ter sido resolvido facilmente, mas... Ele tinha deixado a carteira de identidade em casa. Na esquina, pegou um taxi, lamentando a sorte. Nessa brincadeira de ir e voltar perdeu mais de uma hora. Com o documento na mão refez todo o procedimento, recebeu o famigerado cartão, voltou ao hospital.

Retirou a senha, entrou na fila e esperou.

Na sua vez, nova pergunta:

− O senhor trouxe o comprovante de residência?

Ele tinha esquecido o documento em casa.

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