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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

LIBERDADE – TRINTA FRASES


Política tem essa desvantagem: de vez em quando, o sujeito vai preso, em nome da liberdade. (Stanislaw Ponte Preta)

Liberdade, liberdade, quantos crimes cometem em teu nome! (Jeanne Manon Roland)

A liberdade é uma puta bêbada esperneando contra um soldado que tenta dominá−la. (Marina Tsvetayeva)

A liberdade é o direito de fazer tudo que as leis permitem. (Montesquieu)

Achar que podemos deixar alguém nos restringir parcialmente a liberdade é igual a achar que podemos perder parcialmente a virgindade. (Millôr Fernandes)

Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir. (George Orwell)

É um estranho desejo, desejar o poder e perder a liberdade. (Francis Bacon)

Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela. (George Bernard Shaw)

Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar. (Che Guevara)

A liberdade custa muito caro e temos ou de nos resignarmos a viver sem ela ou de nos decidirmos a pagar o seu preço. (José Martí)

A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida. (Miguel Cervantes)

Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome. (Clarice Lispector: Perto do Coração Selvagem)

Disciplina é liberdade;
Compaixão é fortaleza;
Ter bondade é ter coragem.
(Renato Russo)

As melhores coisas sobre a liberdade têm sido escritas no cárcere. (Sofocleto)

Só se é livre na medida em que se é melhor. (Charles Maurras)

Nunca vista as suas melhores calças quando sair para lutar pela liberdade e pela verdade. (Henrik Ibsen)

Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é igualmente infinita em todos. (Jean-Paul Sartre)

A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. (Fernando Pessoa)

Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade. (Paul Valéry)

Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência. (Léon Tolstoi)

Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento exterior mas também de acordo com uma necessidade interior. (Albert Einstein)

A liberdade não tem qualquer valor se não inclui a liberdade de errar. (Mahatma Gandhi)

Descartes já o tinha percebido com uma admirável clareza: a liberdade da indiferença é o grau mais baixo da liberdade. (Gabriel Marcel)

Às vezes penso que o preço da liberdade não é tanto a eterna vigilância, mas o eterno jogo sujo. (George Orwell)

Anistia é um ato pelo qual o governo resolve perdoar generosamente as injustiças e crimes que ele mesmo cometeu. (Barão de Itararé)

Heresia é apenas outro nome para liberdade de pensamento. (Graham Greene)

Temos que acreditar no livre−arbítrio. Não temos outra escolha. (Isaac Bashevis Singer)

A liberdade é mais importante que o pão. (Nelson Rodrigues)

A liberdade é uma coisa tão preciosa que deve ser racionada. (Vladimir Ilycht Ulianov, conhecido como Lênin)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

LITERATURA, LIXERATURA E CAPITALISMO

A política social dessa anomalia que chamam de politicamente correto determina comportamentos e incentiva a hipocrisia. A realidade se torna uma fraude e são raros os indivíduos que emitem juízos de valor a respeito disso ou daquilo. No campo literário, a mais singular das estratégias de convivência determina que elogios mútuos e tapinhas cordiais nas costas são excelentes escudos contra hostilidades ou, em situação mais complicada, ser processado.

Esse proceder é uma das muitas explicações possíveis para algumas das resenhas publicadas a respeito da coletânea Geração Subzero − 20 autores congelados pela critica, mas adorados pelos leitores, organizada por Felipe Pena.

Para desagrado do organizador da coletânea – que escreveu um longo panegírico introdutório – a função da crítica não é jogar para a torcida. No máximo, é tentar estabelecer uma ordem (vá lá, uma desordem) entre objetos de intensidade e força similares. E, por melhores (ou piores) que sejam as intenções de quem estabelece esse julgamento valorativo, o resultado natural é fracassar estrondosamente. Nenhum problema. Faz parte do show. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade: Lutar com palavras / É a luta mais vã. / Entanto lutamos / Mal rompe a manhã.

José Paulo Paes (que possivelmente poucos dos escritores incluídos em Geração Subzero leram), há mais de 20 anos, contrapôs obras de arte e literatura de entretenimento no ensaio Por uma Literatura Brasileira de Entretenimento. Concluiu o crítico que carecemos de obras similares às escritas por Conan Doyle, Emílio Salgari, Karl May e Julio Verne. E que nunca poderemos aspirar um estatuto literário significativo se essa lacuna continuar aberta. Evidentemente, o mestre defendia em sua tese que o entretenimento nacional deve possuir voz própria. Isso significa, antes de qualquer outra questão, que autores que emulam temas e estilos que nada acrescentam ao imaginário dos leitores não deveriam ser incensados.

O organizador da coletânea, Felipe Pena, em tom ressentido, defendendo escritores falsamente excluídos, discorda (mas não muito!) de José Paulo Paes e argumenta que Mesmo quando classifico boa parte dos autores contemporâneos como chatos, herméticos e bestas, faço−o do ponto de vista da leitura, não da análise estética, embora essa última esteja intrinsecamente ligada à minha critica.

Então, tá! Vamos fazer de contas que tudo está bem e que esse discurso, aparentemente preocupado com a multiplicação dos leitores, não induzirá alguns desavisados a acreditar que os números de vendagem são mais importantes do que outros critérios de análise. E que os escritores que recusam o uso de um discurso, de uma linguagem palatável ao grande público devem receber o rótulo de chatos, herméticos e bestas.

Felizmente, não é o utilitarismo capitalista (expresso nos números contábeis) que estabelecem os diversos níveis de leitura. Se isso valesse, Paulo Coelho seria superior ao Machado de Assis. Não o é. Nunca o será. Inclusive, porque lhe falta algo. O quê? Talento. Conteúdo. Além, evidentemente, do domínio da linguagem literária e das regras básicas de sintaxe.

Livros são bem ou mal escritos, nada mais, escreveu Oscar Wilde há mais de 120 anos. A frase – atualíssima –, diante da premissa equivocada que é acreditar em autores congelados pela critica, mas adorados pelos leitores, indica que dividir o mundo em críticos malvados e leitores bonzinhos configura exercício de má−fé. A suposição que críticos não são leitores é hilária e somente superada pela ingenuidade que é acreditar na ternura dos leitores. Nem uma coisa nem outra.

Críticos são leitores – antes de qualquer outra qualificação. E se escolhem determinadas leituras não é porque estão separando o joio do trigo ou qualquer outra metáfora desastrada que, por bem ou por mal, se adaptar nesse tropeço que constitui a jornada intelectual. Muitas vezes, apenas evitam o que é ruim. Simples assim.

Leitores querem consumir (literalmente) textos que fornecem prazer. O prazer do texto, para não escapar da referência óbvia. Desta forma, almejam qualidade (seja lá o que isso for). Mas, por mais clichê que isso possa parecer, ninguém deveria confundir quantidade com qualidade. Romances policiais, fantasias românticas, distopias violentas – para tudo existe um público específico. Em outras palavras, escritores como André Vianco, Eduardo Spohr e Raphael Dracon venderam alguns milhares de livros porque há um nicho disposto a consumir esses textos visivelmente mal−elaborados narrativamente.

Felizmente, isso não significa que eles devem receber atenção igual ao Bernardo Carvalho, Milton Hatoum ou Marçal Aquino. Equipará-los equivale ao implodir a história da literatura.

Dito isso, a conclusão é fácil: Geração Subzero − 20 autores congelados pela critica, mas adorados pelos leitores é provavelmente uma das piores publicações lançadas nos últimos anos por uma grande editora. Poucos dos autores que integram o volume merecem alguma atenção. Salvam-se, com restrições, um ou dois. Luis Bras (pseudônimo do Nelson de Oliveira) em primeiro lugar. E depois a Vera Carvalho Assumpção (imaginando que ela pode escrever algo melhor). No nível intermediário, uma risadinha tímida para aqueles textos com sabor de crônica (Thalita Rebouças, Juva Batella, Julio Rocha). O resto... O resto é descartável.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O MAPA E O TERRITÓRIO

A humanidade, às vezes, é estranha (...) mas infelizmente era quase sempre no gênero estranho e repugnante, raramente no gênero estranho e admirável, afirma − em tom pouco amigável − o narrador do romance O Mapa e o Território, de Michel Houellebecq, o eterno e incorrigível enfant terrible da literatura francesa.

Engenheiro agrônomo, nascido na ilha de Réunion (Oceano Índico), Michel Houellebecq, nascido Michel Thomas, publicou, em 1997, Extensão do Domínio da Luta, livro que lhe garantiu uma legião de inimigos, pois expôs algumas fraturas da sociedade francesa com realismo cru. Quem o detestava, ganhou muito mais motivos com a misoginia explicita de Partículas Elementares (1998). No entanto, a fama definitiva somente ocorreu quando publicou Plataforma (2001) − uma narrativa politicamente incorreta que, em ritmo de metralhadora giratória, denuncia inúmeras questões simultaneamente. Abrangendo alvos dispares como a imoralidade financeira, o turismo sexual, o islamismo, a cultura pop e o neoliberalismo, Houellebecq tentou pulverizar algumas certezas sociais. Embora não tenha conseguido esse objetivo, causou consideráveis estragos. Em 2005 seu nome emoldurou as manchetes dos jornais duas vezes. A primeira, quando trocou de editora na França. Foi uma das transações mais valiosas da história do mercado editorial europeu: cerca de um milhão de euros. A segunda, com a publicação, pela nova editora, de A Possibilidade de uma Ilha, um romance estranho, onde temas como a clonagem e as descrições sexuais se confundem com o sofrimento físico e mental. Ganhou seu primeiro Goncourt, principal prêmio da literatura francesa, em 2010, com O Mapa e o Território.

Prosa descritiva que escorre limpidamente pela pagina como se fosse um manancial d’água, O Mapa e o Território narra com grande riqueza de detalhes a instabilidade econômica e estética do mundo das artes plásticas. Na sociedade do espetáculo (onde o consumo e a valorização circunstancial de determinados artistas estão intimamente ligados com a ascensão burguesa), em lugar de propor inovações temáticas ou técnicas, alguns artista adotam as ferramentas de marketing para agregar valor a cada uma das peças que produzem. São as regras do capitalismo predatório que elevam a cotação (e o preço) das fotografias, pinturas a óleo e instalações de vídeo−arte produzidas por Jed Martin, o protagonista.

Jed é um homem infeliz. Misantropo, a morte iminente de seu pai (arquiteto aposentado) e o funcionamento de um boiler são os últimos lastros de humanidade que o ligam ao mundo. Artista plástico consagrado desde que realizou uma serie de fotografias sobre uma coleção de mapas Michelin, soube manter a privacidade – evitando a super−exposição e o desgaste.

Alguns anos depois, se tornou milionário com um conjunto de pinturas a óleo sobre profissões simples. Para escrever o texto do catálogo convida um importante escritor francês: Michel Houellebecq. O narrador do romance descreve o célebre e controverso literato de maneira pouco bondosa: bêbado, desleixado, agressivo, desapegado às emoções humanas. Não é uma imagem agradável. Como pagamento pelo escrito, Jed imortaliza o escritor em uma tela que, depois da exposição, é avaliada em 750 mil euros. Esse episódio é o gancho narrativo para a terceira parte do romance, onde Houellebecq é assassinado de forma cruel.

Assim, o romance de costumes que, em alguns momentos lembrava o polêmico Plataforma (principalmente na crítica beirando o niilismo que faz a um grupo de pessoas que sufoca suas carências − afetivas, sociais, econômicas − adquirindo quantidades industriais de artigos supérfluos em que, em geral, não há melhoria técnica ou funcional evidentes; subsiste a exigência da novidade em estado puro), se transforma em narrativa policial. Essa transição não é o melhor momento do romance, pois parece desviar a linearidade que estava sendo projetada nas 250 páginas anteriores.

Seguindo uma fórmula imbatível no romance francês (misturar referências intelectuais e impertinência, temas pouco usuais e crítica social), O Mapa e o Território não economiza sarcasmo, ironia e depreciação dos valores burgueses. De qualquer forma, essa postura não foi muito bem recebida pela sociedade francesa, que se mostrou reticente em aceitar uma narrativa que cita nominalmente (e nem sempre de forma elogiosa) algumas marcas comerciais, lugares e personalidades reais como elementos integrantes do texto. No caso comercial, puro preconceito – e ignorância. O estadunidense Brett Easton Ellis já havia usado desse expediente (de forma muito mais agressiva em Psicopata Americano, de 1991, e Glamorama, de 1998). Entre os franceses, Lolita Pille nunca economizou na citação de marcas comerciais, como se pode ver em Hell Paris − 75016, publicado em 2003. Quanto às personalidades (o próprio Houellebecq, o escritor Frédéric Beigbeder, Jean−Pierre Pernaut e dezenas de celebridades menores), provavelmente os homenageados, como se estivessem colaborando com algum filme, não fizeram restrições em ser coadjuvantes em algumas cenas. Afinal, como reconhece o narrador do romance, Um escritor deve ter algum conhecimento da vida ou pelo menos fingir.

Terminada a leitura das bem escritas 398 páginas de O Mapa e o Território, mortos praticamente todos os personagens, inclusive o protagonista, talvez todo o enredo possa ser sintetizado em um parágrafo: Foi assim que Jed Martin se despediu de uma existência a qual nunca aderira totalmente. Imagens lhe voltavam agora e, curiosamente, embora sua vida erótica não tivesse tido nada de excepcional, tratava−se sobretudo de mulheres. Geneviève , e a infeliz Olga perseguiam−no em seus sonhos. Voltou−lhe até mesmo a lembrança de Marthe Taillefer, que lhe revelara o desejo, numa sacada de Port−Grimaud, no momento em que, soltando seu sutiã Lejaby, desnudara os seios. Na época, ela tinha 15 anos e ele, 13. Naquela mesma noite, masturbara−se no banheiro do apartamento funcional alugado pelo pai para os vigias do canteiro de obras e admirara−se ao sentir tanto prazer com aquilo. voltaram−lhe outras lembranças de seios macios, línguas ágeis, vaginas estreitas. Vamos, ele não tivera uma vida ruim.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PARA ROMA COM AMOR

Quem imaginava que o bom−humor de Woody Allen estava perdido para todo o sempre precisa assistir − e se surpreender − com Para Roma com Amor (To Rome with love, 2012). Reconstruindo um personagem que jamais deveria ter saído de cena (o burguês patético, obsessivo, ranzinza), Woody Allen, na tripla função de ator, roteirista e diretor, flutua pelas ruas da cidade eterna.

Roma, Citta Aperta, conforme a definição clássica de Roberto Rossellini, é uma mistura de ruínas e belezas, de seduções e prazeres, de perigos e decepções. Urbe cosmopolita, assim como todas as alucinações européias, acolhe a todos os visitantes com igual entusiasmo. Fato que (acrescido da afirmação do guarda de trânsito, na cena inicial do filme, que Em Roma tudo dá uma historia.) foi comprovado por cineastas como Nanni Moretti, Marco Bellocchio, Vittorio de Sica, Gabriele Muccino, entre outros.

Para Roma com Amor é um filme engraçado. Muito engraçado. Como há muito tempo não se via na cinematografia de Woody Allen. A temporada européia, incluindo os excepcionais Match Point (2005) e Meia−noite em Paris (2011), celebra uma nostalgia difícil de ser digerida. São filmes cheios de força, mas que não escondem estar faltando algo, provavelmente o humor – emoção que, na elegia romana, não foi economizada. Esse efeito qualitativo está explicito no uso das frases de efeito – que procuram refletir o ridículo humano. Um exemplo elementar ocorre quando Jerry, o personagem de Woody Allen, diz à esposa: Você casou com um cara brilhante. Meu QI é 150, 160. Ela rapidamente responde: Você está pensando em euros. Em dólares é muito menos.

Diluído entre quatro eixos estruturais paralelos − que não se entrecruzam − o filme, que dizem ser uma espécie de adaptação livre de Decamerão, de Giovanni Boccaccio, apresenta, em primeiro plano, a visita de um casal estadunidense, Jerry e Phyllis (Woody Allen e Judy Davis), que se desloca até Roma para conhecer os pais do noivo de sua filha (Fabio Armiliato e Monica Nappo). Enquanto o casal estrangeiro é composto por um aposentado extravagante (que adora ópera e dinheiro) e uma psiquiatra (que não perde oportunidade para fazer análises comportamentais públicas), o casal italiano beira o tédio: o homem é um agente funerário; a mulher, dona de casa.

No segundo plano está uma intrigante fantasia. John, um arquiteto estadunidense (Alec Baldwin) recorda a desilusão amorosa que viveu na juventude, quando esteve em Roma pela primeira vez. Ele tenta corrigir a história de Jack, um jovem arquiteto (Jesse Eisenberg), que se envolve simultaneamente com duas mulheres. Agindo como se fosse uma espécie de consciência tardia, que em muitos momentos parece estar visível somente na imaginação, ele não consegue impedir que − entre a tranqüilidade de Sally, a namorada (Greta Gerwiq) e a agitação sensual de Monica, uma atriz pseudo−intelectual (Ellen Page) −, o sexo determine o caminho da perdição emocional.

A história do jovem casal provinciano (Alessandro Tiberi e Alessandra Mastronardi), que viaja para Roma para impressionar parentes e conseguir a indicação de um emprego bem remunerado, está marcada pelo desencontro e pela ingenuidade. Enquanto Antonio, o marido, é seduzido por uma prostituta (Penélope Cruz), a esposa, Milli, sonha com um mundo somente possível no cinema, nas novelas e nas revistas de celebridades. As trajetórias pessoais − onde o afeto e o sexo são colocados à prova − é que determinam a diferença entre o engano e a felicidade.

Por fim, há o tormento surreal de Leopoldo, personagem interpretado por Roberto Begnini. Talvez como uma homenagem a Federico Fellini, que adorava o grotesco, um burocrata caricato e insignificante se transforma em personagem de reality show despropositado, invasivo, desses que confundem vida pública e vida intima. O homem perde sua identidade e, algum tempo depois, quando a recupera, sente saudades do tempo em que era famoso. No eterno jogo entre o ser e o ter, a barbárie vence de goleada.

Talvez a maior prova disso seja o modo abusado, completamente insensato, de Jerry em relação ao pai do noivo de sua filha. Depois de ouvi−lo no banheiro, Jerry convence o italiano que ele é um excelente cantor de ópera. O problema é que o agente funerário somente consegue performances de qualidade quando está no chuveiro. Isso não é obstáculo para o estrangeiro, que monta uma versão particularmente hilária de Pagliacci, onde o tenor se apresenta tomando banho.

No final do filme, quando estão se despedindo, os personagens de Alec Baldwin e Jesse Eisenberg trocam frases rápidas. O rapaz, a querer fugir de uma discussão mais séria, diz − como se fosse uma desculpa para seu fracasso amoroso − saber que a idade traz a experiência. Amargo, o homem mais velho retruca: A idade traz a exaustão. Difícil determinar se esse diálogo indica uma metáfora escondida nas entrelinhas do filme. De qualquer forma, parece acenar para o esgotamento de certas fórmulas cinematográficas. Ao espectador resta o otimismo de imaginar que terá a chance de se divertir mais vezes com filmes similares a Para Roma com Amor.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

NELSON RODRIGUES: CINQUENTA F(R)ASES (I)MOR(T)AIS

Não há um único e escasso personagem de romance, neste País, que saiba cobrar um escanteio.

A educação sexual só devia ser dada por um veterinário.

Invejo a burrice porque é eterna.

O dinheiro compra até o amor verdadeiro.

O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da imaturidade.

Todo tímido é candidato a um crime sexual.

O casamento já é indissolúvel na véspera.

O gozo é uma mijada.

Só acredito nas pessoas que se ruborizam.

Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo. Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar.

Com sorte, você atravessa o mundo. Sem sorte, você atravessa a rua.

Deus está nas coincidências.

Sou contra a pílula, e ainda mais contra a ciência que a inventou; a saúde pública que a permite; e o amor que a toma.

O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.

Deus só freqüenta as igrejas vazias.

A cama é um móvel metafísico.

Amar é ser fiel a quem nos trai.

Todas as mulheres deveriam ter catorze anos.

Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.

A liberdade é mais importante do que o pão.

A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.

As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado.

Toda unanimidade é burra.

Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.

O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.

Não acredito em honestidade sem acidez, sem dieta e sem úlcera.

A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.

Considero o filho único um monstro de circo de cavalinhos, um mártir, mártir do pai, mártir da mãe e mártir dessas circunstâncias. As famílias numerosas são muito mais normais, mais inteligentes e mais felizes.

A Europa é uma burrice aparelhada de museus.

Entre o psicanalista e o doente, o mais perigoso é o psicanalista.

A platéia só é respeitosa quando não está entendendo nada

Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.

O que dá ao homem um mínimo de unidade interior é a soma de suas obsessões

A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: – o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.

Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável
fronteira.


O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca.

Toda mulher gosta de apanhar. Só as neuróticas reagem.

Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura.

Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.

No Brasil, só se é intelectual, artista, cineasta, arquiteto, ciclista ou mata-mosquito com a aquiescência, com o aval das esquerdas.

Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.

O padre de passeata é hoje, uma ordem tão definida, tão caracterizada como
a dos beneditinos, dos franciscanos, dos dominicanos e qualquer outra. E está
a serviço do ódio.

Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos
bondes que não chegam nunca.


Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.

As grandes convivências estão a um milímetro do tédio.

O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É abjecto que um homem deseje a mãe dos seus próprios filhos.

Outrora, o remador de Ben-Hur era um escravo, mas furioso. Remava as 24
horas por dia, porque não havia outro remédio e por causa das chicotadas.
Mas, se pudesse, botaria formicida no café dos tiranos. Em nosso tempo, o
socialismo inventou outra forma de escravidão: a escravidão consentida e
até agradecida.


Toda a história humana ensina que só os profetas enxergam o óbvio.

Em muitos casos, a raiva contra o subdesenvolvimento é profissional. Uns morrem de fome, outros vivem dela, com generosa abundância. Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas  de ambos os sexos.

O "homem de bem" é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

RODRIGUIANO NELSON

23 de agosto: dia do aniversário de Nelson Rodrigues. Um século. Tempo suficiente para inscrever o seu nome na lápide que decora esse cemitério de ideias que, na falta de expressão melhor, chamam de literatura brasileira.

Nelson, descrente, era um crente que frequentava missa. E, em nome da moral e dos bons costumes, decretava: O biquíni é uma nudez pior do que a nudez

Nelson sabia que o ser humano está à venda. É apenas uma questão de acertar o preço: O dinheiro compra até o amor verdadeiro.

Nelson era um desses sujeitos movidos por uma alegria estranha: rasgar o véu que encobre a hipocrisia. Especificamente, a brasileira – que finge que a distância entre a casa grande e a senzala está diluída no imenso carnaval que nos anestesia diariamente. O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.

Nelson sentia o sangue escorrer mais forte, mais rápido, toda vez que escavava as profundezas da alma. Desse abismo que é o inconsciente retirava fragmentos repulsivos, histórias sujas, loucuras inomináveis. No íntimo de cada indivíduo, o inconfessável. Todo tímido é candidato a um crime sexual.


Nelson adorava transformar fatos corriqueiros em tragédias. Sabedor de que seus leitores (voyeurs de segunda categoria) enlouqueciam ao descobrir que um Sonho de Valsa quase intocado havia sido deixado em cima da mesa, antes que a adultera permitisse, no escuro da pracinha, que a mão canalha avançasse pela coxa, invadindo intimidades, não se incomodava em escrever, reescrever, transcrever, contar, recontar, transcontar esse tipo de histórias. Adorava contos de fadas. Ou melhor, cantos de fodas, ais e uis ecoando sincronicamente nos ouvidos dos leitores. Sexo é para operário.

Nelson, anjo pornográfico, várias vezes cinematográfico, flor de obsessão, era capaz de escandalizar o Diabo: Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.

Nelson escreveu reportagens, crônicas, contos, romances, folhetins, teatro. Enquanto A vida como ela é assustava as almas mais gentis, ele deixava o bonde passar e disfarçava o desconforto com o pseudônimo de Susana Flag. Não há um único e escasso personagem de romance, neste País, que saiba cobrar um escanteio.

Nelson, diante da máquina de escrever, decretava: Toda nudez será castigada. Dezenas de epopeias suburbanas descritas em cores dramáticas, por personagens descoloridos: o homossexual que se enforca vestido de noiva, a mulher insatisfeita com o marido e que somente encontra satisfação no aviltamento sexual, o pai de família repressor e mulherengo, o rapaz que descobre estar apaixonada pela irmã.

Nelson, tantas vezes acusado de reacionário, imaginou um mundo em que a Grécia mítica arranhava o coração suburbano. Nesse teatro particular, gargalhadas acompanharam o abrir das cortinas. Toda a história humana ensina que só os profetas enxergam o óbvio.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

MARCOS ANTONIO E NICHOLAS

O conceito de paternidade é difuso, sujeito a muitas interpretações, dependente de vários pontos de vista culturais. Há quem acredite que ser pai é apenas contribuir com o espermatozóide no milagre da concepção. Evidentemente, as demais obrigações ficam por conta da mãe – ao longe, como se fosse uma punição biológica, as velhas cantilenas: a maternidade é uma vocação e ser mãe é padecer no paraíso. Ou seja, não é exagero imaginar que ser pai é levar a vida na flauta, bem longe dessas obrigações triviais que estabelecem o inicio do enlouquecimento interminável que é ser responsável por uma nova vida: dar banho no(a) herdeiro(a), acordar no meio da madrugada e fazer a mamadeira, levar ao médico ou trocar fralda. Essa última tarefa muito marmanjo não realiza – nem mesmo com grampo de roupa tampando o nariz.

Desafiando os clichês, o professor de enfermagem Marcos Antonio Mendonça Melo, 36 anos, residente em Campinas (SP), talvez desconhecendo o que escreveu Marcelo Coelho (Para que serve um pai? Talvez a sua função, hoje mais do que nunca, seja a de cometer erros, a de falhar, a de mostrar−se humano), sem fazer análises filosóficas ou cálculos financeiros, aceitou enfrentar de um momento raro: ser pai e mãe simultaneamente.

A sua história não é complicada. O que surpreende é o desfecho.

Durante cerca de um ano ele teve um relacionamento sem muito envolvimento afetivo. Algum tempo depois do namoro ter terminado, ela o procurou, disse que estava grávida e que, por ter medo de inviabilizar o futuro profissional, não tinha interesse em ser mãe. Para Marcos Antonio, esse impasse não consistia em uma grande dificuldade: Ter um filho era um sonho que eu tinha desde os 23 anos, e que eu achava que não se realizaria mais. Então, fez uma proposta alternativa. Felizmente, houve acerto. Durante toda a gestação, a mãe da criança morou com os pais dele, em Presidente Venceslau, interior de São Paulo.

Quando Nicholas nasceu, a mãe se recusou a vê−lo e a amamentá−lo. Diante desse primeiro obstáculo, Marcos Antonio providenciou leite em pó, fez mamadeira, alimentou o menino. Passamos uma semana na casa de meus pais. Eu sempre tive sono pesado e fiquei com medo de que o Nicholas chorasse à noite e eu não acordasse. Pedi para minha mãe me acordar caso eu não levantasse. Mas bastou o primeiro movimento dele e eu despertei. Nesse momento, pensei: estou apto.

Os três voltaram para Campinas. No Fórum, assinaram os papeis que definiram a guarda amigável e que não haveria pensão. Antes de ir embora, a mãe do menino disse: Espero que vocês sejam muito felizes.

Marcos Antonio, com Nicholas no colo, viu a mulher desaparecer da vida dos dois. Nenhum problema, eles estavam preparados para enfrentar o futuro. Quer dizer,... Os primeiros dias foram bem difíceis. Eu acordava três ou quatro vezes à noite para dar a mamadeira e de manhã tinha que ir trabalhar com ele. Os berçários não o aceitavam por ele ainda não ter tomado todas as vacinas.

Diante do que parecia impossível (conciliar vida pessoal e vida profissional), a primeira providencia foi simples: ir ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e solicitar licença−maternidade. Ou, para ser mais condizente com a situação que estava sendo desenhada pela vida, licença−paternidade. Qualquer uma das duas servia. Que o caso era grave e exigia resolução imediata. Algum burocrata, livrinho de regras na mão, decretou indeferimento. O caso não estava previsto em lei.

Na Defensoria Pública da União também houve alguma resistência. Ninguém encontrou precedente jurídico. Parecia um beco sem−saída. O que fazer?

Insistir foi parte da solução. Entre as primeiras conversas na Defensoria Pública e a sentença proferida pelo juiz Federal Rafael Andrade Margalho, do Juizado Especial Federal, passaram apenas dez dias. Achei que o Nicholas ia fazer 15 anos e eu ainda não teria resposta, resumiu o drama Marcos Antonio.

O magistrado, em decisão inédita nos tribunais brasileiros, levou em consideração o princípio da igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações − de acordo com os artigos 5° e 227 da Constituição Federal − e concedeu salário por 120 dias, nos moldes da licença−maternidade. Caso haja interesse da empresa onde o professor trabalha, o prazo poderá ser estendido para 180 dias. Caberá ao INSS pagar o salário do professor - e, assim, garantir que o despacho seja cumprido.

Se o INSS não atrasar os pagamentos (uma possibilidade que não pode ser descartada), Marcos Antonio e Nicholas vão poder ficar juntos, sem que a sobrevivência dos dois seja ameaçada.

Obviamente, a decisão judicial não significa final feliz. Aliás, vencer os primeiros desafios nem pode ser chamado de um início feliz. Com o passar do tempo, Marcos Antonio e Nicholas terão que superar muitos outros obstáculos. Serão centenas de dias (e noites) intermináveis: cólicas, choros, febres sem identificação clínica, a primeira dentição, o engatinhar e os primeiros passos, as primeiras palavras. Também há os gastos intermináveis com comida, fraldas, remédios, roupas, brinquedos. Em determinados momentos, haverá crises emocionais, tensões comportamentais, horrores inomináveis. Não é uma visão muito tranquila.

Tudo isso será compensado no momento que Marcos Antonio ouvir a voz de Nicholas pronunciar pela primeira vez uma palavra pequena, de significado enorme: pai.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

HOMENS – TRÊS DÚZIAS DE FRASES VENENOSAS


Se o homem tivesse criado o homem, teria vergonha de sua obra. (Mark Twain)

Existem homens de bem; homens que se dão bem; e homens que são flagrados com os bens. (Laurence J. Peter)

O homem é o único animal que se devota diariamente a tornar os outros infelizes. É uma arte como outra qualquer. Seus virtuoses são chamados de altruístas. (H. L. Mencken)

Macho não quer dizer mucho. (Zsa Zsa Gabor)

Um idiota sempre encontra um idiota ainda maior para admirá−lo. (Nicolas Boileau)

Se há homens cujo ridículo nunca aparece é que não o procuraram bem. (La Rochefoucauld)

Um escravo tem um senhor. Mas um homem ambicioso tem muitos senhores: todas as pessoas que lhe podem ser úteis para ele subir na vida. (Jean de La Bruyère)

Prefiro dormir com um canibal sóbrio do que com um cristão bêbado. (Herman Melville)

Só um homem em mil lidera outros homens. Os demais 999 preferem seguir as mulheres. (Groucho Marx)

A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram. (Adam Smith)

Um homem que detesta crianças e cachorros não pode ser mau de todo. (W. C. Fields)

Não se preocupe com o que você diz aos homens. São tão vaidosos que nunca acreditam que você está falando a sério quando diz aquelas coisas horríveis a um deles. (Agatha Christie)

Ele transa bem? Leva você para comer bons queijos e vinhos? É seu amigo? Então fica com ele. É o máximo que você vai conseguir de um homem. (Marília "Gabi" Gabriela)

O homem é um animal doméstico que, se tratado com firmeza e ternura, pode ser treinado para fazer muitas coisas. (Jilly Cooper)

Dez anos atrás eu rachava uma pedra de gelo ao meio com o jato do mijo. Hoje não empurro nem bola de naftalina. (Ary Barroso ou Abgar Renault)

O único ruído realmente másculo que um homem produz numa casa é o de sua chave, quando ele está cambaleando e tentando encontrar o buraco da fechadura. (Colette)

O homem é um animal esperto que se comporta como um imbecil. (Albert Schweitzer)

Só homens que não se interessam por mulheres interessam−se por suas roupas. Os homens que realmente gostam de mulheres nem percebem o que elas estão usando. (Anatole France)

Todos os homens são diferentes, mas todos os maridos são iguais. (Somerset Maugham)

Todos os cafajestes que conheci na minha vida eram uns anjos de pessoas. (Leila Diniz)

Fui criado para me parecer com meu pai, falar como meu pai, ter a postura de meu pai, andar como meu pai, pensar como meu pai e desprezar meu pai, como minha mãe. (Jules Feiffer)

Só exijo três coisas de um homem: que ele seja bonito, insensível e burro. (Dorothy Parker)

Muitos homens que se apaixonam pela covinha de um sorriso cometem o erro de se casar com a garota inteira. (Stephen Leacock)

Se você fisgar um homem, o melhor que faz é devolvê−lo ao mar. (Gloria Steinem)

Os homens ficam mais velhos, mas isso não os melhora muito. (Oscar Wilde)

Se você for muito bem sucedido no crime, pode até transformar−se num homem de bem. (Millôr Fernandes)

Mesmo um homem decente pode – contanto que isso jamais se descubra – construir hoje em dia um nome respeitado. (Karl Kraus)

Algumas das garotas com quem transo hoje tinham três anos quando as conheci. Não tenho culpa se elas estão envelhecendo. (Mick Jagger)

O marido que quiser continuar feliz no casamento deve conservar a boca fechada e o talão de cheques aberto. (Groucho Marx)

Hoje em dia o único respeito que se tem pelos mais velhos é quando eles vêm engarrafados. (Francis Blanche)

O homem que consegue governar uma mulher consegue governar uma nação. (Honoré de Balzac)

Poucos homens são heróis diante do dentista. (Agatha Christie)

Um inimigo pode arruinar parcialmente um homem, mas é preciso um amigo fiel e desastrado para completar de vez o serviço. (Mark Twain)

Minha primeira mulher era muito infantil quando nos casamos. Um dia, eu estava tomando banho na banheira e ela afundou todos os meus barquinhos sem o menor motivo. (Woody Allen)

Todos os homens precisam conhecer os prazeres de uma boa pancada. (Madonna)

A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento. (Stanislaw Ponte Preta)

(Imagens de Lucian Freud [1922-2011], pintor inglês)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

OS DEIXADOS PARA TRÁS, DE TOM PERROTA

Quando o romance Criancinhas, escrito por Tom Perrota, foi publicado, em 2004, a crítica não deu muita atenção a essa divertida narrativa de costumes. Foi preciso que a versão cinematográfica, Pecados Íntimos (Little Children, Dir. Todd Field, 2006), com Kate Winslet, se tornasse razoável sucesso comercial para que o livro conquistasse alguma visibilidade fora do circuíto literário. Estranhamente, essa não foi a primeira vez que os romances de Perrota foram impulsionados pelo cinema. Vários anos antes, apesar de boa recepção pela crítica especializada, o público quase deixou passar o caráter satírico de Eleição. Foi a apropriação hollywoodiana (Election. Dir. Alexander Payne, 1999), com Reese Witherspoon e Matthew Broderick, que modificou – significativamente – o destino do livro.

Recentemente, o romance A Professora de Abstinência, seguindo a linha da crítica da vida suburbana, também causou alguma confusão no mundo literário – provavelmente o primeiro passo para que a narrativa se transforme em filme. Centrada na discussão entre crentes e ateus, a narrativa aborda uma contradição política particularmente significativa em Estados Unidos: enquanto o país gasta milhões de dólares para difundir (muitas vezes de forma grosseira) aquilo que eles chamam de democracia em determinadas regiões do mundo, os evangélicos se tornam cada vez mais sectários nas questões religiosas. Seria risível não fosse a quantidade de pessoas que morrem em razão desse tipo de intolerância.

Espécie de metáfora do dia 11 de setembro de 2001, o último romance de Tom Perrota, Os Deixados para Trás − embora não ignore que o realismo impõe uma série de regras para distinguir o verossímil e a fantasia –, relata uma série de eventos pouco ortodoxos. E suas consequências.

Em determinado momento do dia 14 de outubro, centenas de indivíduos desapareceram na cidade de Mapleton. Não houve bombas ou tiros ou qualquer outra ação violenta. Foi mais simples, mais asséptico: as pessoas evaporaram no ar − como se fosse resultado de um ato sobrenatural. Em questão de segundos, esse Apocalipse ad hoc separou as vítimas e aqueles que – nos sentidos psicológicos e religiosos – foram deixados para trás.

A continuidade histórica se torna responsabilidade daqueles que sobreviveram – esse é um slogan bastante conhecido daqueles que entendem que sobreviver à perda de um ente querido é uma forma de punição divina. Como o prazo de validade do luto não é muito longo, pois a vida social determina a necessidade de secar as lágrimas e retomar o caminho produtivo, alguns teólogos costumam utilizar a contrição como uma maneira de relembrar a perda de forma intermitente. Em outras palavras, a normalidade − em alguns momentos − é um sedativo indesejado. Muitos religiosos preferem manipular e, se possível, distorcer os sentimentos. O resultado dessa proposta − em tempos sombrios, onde a agonia costuma ser anestesiada por doses maciças de pain killers e messianismo religioso – está revelado na restrição das alternativas.

Espremido no meio desse fogo cruzado está Kevin Garvey, o prefeito. Sua família não sofreu perdas físicas. A tragédia que os atinge é de outra intensidade. A esposa se juntou aos Remanescentes Culpados, uma seita estranha e que se caracteriza pelo voto de silêncio e o tabagismo. O filho mais velho, Tom, abandonou a universidade para seguir os ensinamentos do Santo Wayne, um guru oportunista (e pedófilo). Jill, a filha adolescente, fica junto com o pai, mas tem dificuldades para conviver com os próprios problemas (carências afetivas, amorosas e sexuais). Raramente pode contar com o apoio de Kevin − que está desestabilizado pelos problemas administrativos que não consegue solucionar e por uma complicada paixão amorosa, Nora Durst (que perdeu o marido e os filhos no dia 14 de outubro).

Temas sérios requerem linguagem densa. Provavelmente foi esse o raciocínio adotado por Tom Perrota, quando estava escrevendo Os Deixados para Trás. Essa postura perplexa impõe o timbre de tragédia e, ao mesmo tempo, impede que o humor apareça. Não é um defeito. Apenas torna ainda mais melancólico um texto que não é de fácil manejo.

Tom Perrota, que alguns críticos deslumbrados comparam com John Steinbeck e Anton Tchekov, adaptou Os Deixados para Trás para uma série da HBO.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MULHERES - TRÊS DÚZIAS DE FRASES VENENOSAS

Ser mulher é um negócio dificílimo, já que consiste basicamente em lidar com homens. (Joseph Conrad)

Porque me casar e infernizar a vida de um homem quando posso continuar solteira e infernizar a vida de milhares? (Carrie Snow)

No amor, as mulheres são profissionais; os homens, amadores. (François Truffaut)

Quando se foi mulher em Paris não se consegue ser mulher em outro lugar. (Montesquieu)

Ainda bem que Sophia Loren é mulher. Um corpo como aquele seria um desperdício num homem. (Groucho Marx)

Qualquer mulher pode ser glamurosa. Basta ficar parada e fazer um ar de burra. (Hedy Lamar)

As mulheres começam por resistir aos avanços de um homem e terminam por bloquear sua retirada. (Oscar Wilde)

Deixemos as mulheres bonitas para os homens sem imaginação. (Marcel Proust)

A mulher só conquista quando se faz de presa. (Simone de Beauvoir)

A mulher ideal é sempre a dos outros. (Stanislaw Ponte Preta)

As mulheres serão a última coisa que o homem conseguirá civilizar. (George Meredith)

Se a mulher fosse boa, Deus teria uma. (Sacha Guitry)

Não se ama duas vezes a mesma mulher. (Machado de Assis)

Sempre digo que uma mulher deve se casar por amor – e continuar se casando até encontrá-lo. (Zsa Zsa Gabor)

Mulher é bicho esquisito – todo mês sangra. (Rita Lee)

Não se pode confiar nas mulheres. Uma delas pode estar sendo sincera com você. (Douglas Ainslie)

Só há uma coisa na qual homens e mulheres concordam: nenhum dos dois confia em mulheres. (H. L. Mencken)

Se inventarem coisa melhor do que mulher, não quero nem saber. (Tarso de Castro)

Um arqueólogo é o melhor marido para uma mulher. Quanto mais ela envelhece, mais ele se interessa por ela. (Agatha Christie)

As pessoas mais interessantes são os homens que têm futuro e as mulheres que têm passado. (Oscar Wilde)

A mulher foi o segundo erro de Deus. (Friedrich Nietzsche)

Só há duas espécies de mulheres: deusas e capachos. (Pablo Picasso)

Muitas mulheres não sossegam enquanto não mudam seu homem. E, quando o conseguem, ele perde a graça. (Marlene Dietrich)

Entre o sim e o não de uma mulher, eu não me atreveria a espetar um alfinete. (Miguel de Cervantes)

São as mulheres que nos inspiram para as grandes coisas que elas próprias nos impedem de realizar. (Alexandre Dumas, pai)

Uma mulher sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta. (Gloria Steinen)

Todo homem que classifica a mulher de sexo perdido é porque tem má vontade de encontrá-lo. (Stanislaw Ponte Preta)

Nunca tente impressionar uma mulher porque, se você fizer isso, ela esperará que você mantenha aquele alto padrão pelo resto da vida. (W. C. Fields)

Meu melhor amigo fugiu com minha mulher. E quer saber? Sinto falta dele. (Henny Youngman)

Duas mulheres raramente se tornam íntimas, exceto às custas de uma terceira pessoa. (Jonathan Swift)

A melhor maneira de virar a cabeça de uma mulher é dizer-lhe que ela tem um belo perfil. (Sacha Guitry)

A mulher não passa de uma máquina para produzir filhos. (Napoleão)

A amizade entre duas mulheres significa apenas uma suspensão das hostilidades. (Antoine de Rivarol)

É mais fácil reconciliar a Europa inteira do que duas mulheres. (Luís XIV)

Mulher e livro – emprestou, volta estragado. (Stanislaw Ponte Preta)

Nunca confie numa mulher que diz sua verdadeira idade. Uma mulher que diz isso é capaz de dizer qualquer coisa. (Oscar Wilde)